PRIVATIZANDO
Privatizado
Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário.
E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.
PARTIDA
Não me maltrates. Oh! Morte
Porque me fazes sofrer
Levaste quem tanto amo
Levaste meu bem querer
Que dor tão profunda
Que transpassa minhalma
Meu coração dilacerado
Meu ser não se acalma
As pessoas me consolam
Mas estou desolado
Nada mais me importa
Estou deverás angustiado
Estou tentando compreender
Busco forças não consigo
Pergunto-te, oh! Morte
Porque não a deixaste comigo
Vejo teu corpo inerte
Oh! Morte por que és cruel
Não consigo aceitar
Levaste meu doce mel
Sei que a morte é passagem
Que todos têm seu dia
Mas se é um ente querido
Tudo se transforma em agonia
Adriano Borges
QUEM ÀS VEZES SOU
QUEM ÀS VEZES SOU
Às vezes sou forte como uma
rocha
Às vezes sou barco a deriva
Às vezes tenho personalidade
forte
Às vezes sou fragilidade
escondida
Ás vezes embelezo, sendo o
mar
Às vezes guio sendo o farol
Às vezes aterrorizo sendo a
tempestade
Às vezes clareio sendo sol
Às vezes sou a pedra
Às vezes sou o caminho
Às vezes sou o viajante
Às vezes ando sozinho
Às vezes sou o começo
Às vezes sou o fim
Às vezes sou o meio
Às vezes somos assim
Adriano Borges
O SILÊNCIO E O GRITO
O silêncio me
acalma
O grito me agita
O silêncio
enobrece
O grito ínsita
O silêncio traz
a paz
No silêncio eu
medito
Mas saio desse
transe
Quando penso no
grito
O grito sempre
alerta
Ele é muito
intenso
Mas se quero
meditar
Prefiro o
silêncio
Grito é
exaltação
Silêncio é
sabedoria
O grito sempre
excita
O silêncio
contagia
No silêncio eu
encontro
Sempre a solução
No grito nada se
resolve
Só termina em
confusão
Esse é um
impasse
Um dilema
imenso
Podes preferir o
grito
Particularmente
prefiro o silêncio
Adriano Borges
SER TÃO SOFRIDO
Nunca pensei que um lugar
Poderia ser tão difícil
Para se tirar o sustento
De chão rachado, sem vento
Chuva não cai
Só cai o pranto
Em forma de pingo
Tirando-me a calma
Provocando fendas na alma
Deixando-me sem rumo, sem
tino
Nesse sol a pino
Como pino de um jogo
Que nunca se ganha
Nunca se bate
Só apanha
Surras que essa terra dá
Batida, batendo sem olhar
Causando feridas que sangram
Sem cessar
Molhando o chão
Fazendo brotar a flor
A flor da desilusão
Que me pede pra ir embora
Deixar tudo pra trás
Ir atrás de vida
Que a muito foi esquecida
Ou escorrida pelas fendas
Dos rachões dessa terra
batida
Sofrida que não me deixa
respirar
Mas sou Sertanejo
Não desisto nunca
Cada vez que essa idéia
Invade de relampejo
Meu pensamento
Penso que devo resistir,
insistir
E mais uma vez tentar
Deixar o corpo suar
Nesse sol a pino
Seguir meu destino
E deixar um pingo
De vida cair
Nesse rachão, fenda no chão
Brotando mais uma flor
Desta vez a da esperança
Que me faz ser criança
E tão certo como
O coaxar do sapo
Traz a chuva
Contemplar a beleza
Desse meu sofrido sertão
Adriano Borges
Adriano Borges